INSOLÊNCIA
Mudam-se as estações.
Ao sabor do clima, Ora me agasalho, Oro me despojo do fardo das lãs. Alinho-me e me desalinho. As vestes são meros detalhes sazonais. Não o é um dado sentimento Que fustiga e perdura. Caminho no vago vácuo, anônimo. A cada passo a vida passa. E, sigo do lado de cá da via Na calçada de meus dias, "Vitrineando" novos lançamentos Em busca de outros padrões, De vivas cores, de espairecimentos. No entanto, o exercício é vão. A meio tom e ao centro do peito Há o coração que late, bate forte. Ventrículos, artérias, diafragma ... Tudo mede a tensão que vai alta. Olho discreto mas molesto E diviso à calçada oposta, Sempre ao alcance e à média altura, O sincrônico compasso de quem intimida. Já é primavera? É verão? E seja outono ou seja inverno, Passam-se os anos. Mas, a companhia é irremovível e lá está, Ela, a desditosa saudade.
Israel dos Santos
Enviado por Israel dos Santos em 02/10/2016
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