CREPÚSCULO - I
Reconhecer a grandeza do primeiro gestos pelas mãos que me embalaram ao nascer.
Honrar a sabedoria e o sentido do caminho que trago de berço para todo o existir. Maravilhar-me com o equilíbrio do ar que me envolve, com o repouso seguro e necessário, com o labor diário que dá sustento e dignifica. Sentir a brisa, o frio, o calor no contato da pele que reveste meu corpo, que toca o teu. Experimentar com júbilo a capacidade e a energia que me permitem mover os membros, contemplar os contrastes das paisagens, captar os sons de gotas que tombam sobre a ramagem e distinguir os perfumes das rosas. Admirar o voo acrobático das aves, o mergulho profundo dos cetácios e o veloz mover dos guepardos. Aceder ao sabor do mel, à doçura do sorriso, à beleza das notas musicais. Agradecer pelo livre arbítrio, que me faculta expressar ou silenciar em resposta à sã consciência. Buscar entender razões e porquês de ter sido agraciado com vida feliz junto a ti, minha companhia e companheira única, mais à prole que é nossa, comparavelmente sem igual. Isto tudo confesso-te, em desejo íntimo, do que não me aparto antes que em dado tempo me advenha o crepúsculo.
Israel dos Santos
Enviado por Israel dos Santos em 24/03/2012
Alterado em 05/08/2013 Copyright © 2012. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |