AUSÊNCIA PRESENTE
Ao café, na manhã, o prenúncio:
Gole tíbio, sem um único grão de doçura. No peito, descompasso; à boca, azedume. Que intragável é o vácuo de tua companhia! Dia longo, quando o sol se oculta, A carência da luz que a tarde prescinde Turva o céu; há apenas relampejos verpertinos. E tu, não vens? A certeza, tampouco ... Já é noite e, confortável e impiedosa, A tristeza se instala, porquanto não estás. Sono intranqüilo de sonho perdido. Num só travesseiro, há vigilia e pesadelo. Ainda à espera, é quase manhã. Outra vez! Penitente, não desisto. Mais um café matinal. Na xícara, a borra revela a sorte. Olhos orvalhados, recuso interpretar. Presságio. Finjo-me ingênuo e crédulo espero, Malgrado o amargo, o sereno e a vigília, Sorvo ainda um café, noutra manhã. Mas ... Dia e lua, insensíveis, dirão: "Não voltará".
Israel dos Santos
Enviado por Israel dos Santos em 29/01/2010
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