Minha Ilha Paradisíaca

Página dedicada aos dos Santos, aos Matta, aos Machado e aos Alencar Aranha.

Textos

GANHAR MEDALHAS OLÍMPICAS?
Que maravilha! Conseguimos; alguns anos mais e o Rio vai sediar os Jogos Olimpícos! Fui ao Brasil para viver aquele momento histórico, no marco zero das comemorações. Nas areias da Praia de Copacabana, em ensolarada tarde de outubro de 2009, testemunhei o entusiasmo com que cariocas e demais compatriotas (até estrangeiros) ali presentes receberam a almejada notícia. Senti a sensação de estar na largada da maratona ... e eu competindo!

Mas, esta conquista não credencia "a priori" nossos atletas a subir ao "podium"; muito menos lhes garante as tão cobiçadas medalhas de ouro. Apoio, treinamento e condicionamento físico, contínuos e crescentes, são as condições indispensáveis para que, nequela rara oportunidade, além de anfitriões, possamos também nos destacar como grandes protagonistas em 2016.

Não embarco no coral do "já ganhou". Tampouco compro a idéia de que no Estado repousa o triunfo do evento. É aí que me recordo da "Babushka", curiosa boneca típica da Rússia e de alguns países que integravam a ex-União Soviética; talhada na madeira, desenhada e pintada à mão, caracteriza-se por gestar réplicas em medidas sucessivamente menores que nela se mantém enclausuradas. O exemplo, trazido das tundras, ocorre-me quando pondero sobre atitudes da gente neste país detentor de território continental depositário de benesses tropicais e que abriga milhares de potenciais atletas.

Que povo privilegiado! Não lhe faltam nascentes, quedas e cursos d'água de causar inveja; terras de vastas dimensões; áreas abundantes e produtivas; idioma comum em todas as regiões geográficas. Nem lhe assolam a escassez de alimentos, os graves desastres naturais, os grupos étnicos antagônicos, os grandes conflitos fronteiriços. E mais: segue entitulado garante de matas virgens, de selvas de proporções e importâncias excepcionais, sobejas riquezas naturais, flora e fauna diversificadas e longa costa oceânica delineada desde o extremo norte ao extremo sul. Só por isto, digo, por tudo isto, creio que mesmo os cépticos não duvidariam de que Deus é brasileiro. O que então faltaria para que o o Brasil suba ao degrau mais elevado à entrega dos lauréis?

Observo que a muitos (e aí incluo pessoas físicas e pessoas juridicas) ainda não ocorreu dimensionar e valorizar o universo  espetacular de dádivas que herdaram. Não se comprometeram a tornar aquelas vantagens e recursos acessíveis a todos. Ao contrário, pasmo,  assisto às práticas de desvio de muito do que há de mais precioso, para se  perder pelos ralos de um par de bolsos, de um par de conchas invertidas, de um par de indivíduos inescrupulosos, que aviltam os interesses das pessoas de bem. Ainda não se coinscientizaram de que sua indiferença social ou seus atos de improbidade geram efeitos nefastos à sociedade, particularmente aos jovens, causando a erosão de seus sonhos, a degradação da firmeza do solo sob seus pés com a fragmentação de seus alicerces e de seus princípios, numa dinâmica escancarada, escandalosa e assustadoramente acelerada. São estes os responsáveis pelo estado lastimável em que se encontram alguns seguimentos de nossa juventude, observados em vias de deterioração, vítimas da depreciação de sua auto-estima e, até, de sua identidade.

Pois, que despertem, agora! Que procurem identificar os ídolos nas modalidades de suas preferências! Que contribuam! Que se convertam em membros ativos junto aos bravos, para os quais as Olimpíadas já começaram e ansiosos estão por aplaudir, comemorar, cantar o Hino Nacional, ver gloriosamente o pavilhão Nacional tremular (ou se elevar) ao término de cada competição bem sucedida!

Efetivamente, sob o toldo que abriga os diferentes brasis neste meu Brasil, salva-se  - e salva-nos -  essa fração sensível, tenaz, laboriosa de nossos compatriotas, que já se apressa a substituir a roda "quadrada" pela roda "redonda". Repudia os erros crassos. Opta pelo pecado da redundância; isto mesmo, preferindo investir na evolução e fazer da carroça inerte um veículo de quatro rodas, redondas. Busca atribuir valores diferentes de zero à força propulsora concentrada em metas, com vistas a colocar o país em movimento, animado de velocidade acelerada, desde ja'.

A imagem da boneca começa a fazer sentido. Estes últimos citados não se espelham naqueles que se contentam em se abrigar na "matryoshka" (como também é conhecida a boneca), para simples e somente absorver benefícios pessoais, abstendo-se de agregar forças concorrentes num multirão em prol dos resultados de desempenho positivo. Graças, portanto, aos que não desejam se por à sombra como meras figuras coadjuvantes, aparências pardas, expectatores inéptos e ocultos no seio das multidões, isto é, nas entranhas da "Babushka", meu país verá seus atletas retribuir com orgulho e brio o apoio recebido.

Comungo com aqueles que terão concorrido para a conquista das medalhas, que espero sejam muitas ... de ouro, preferentemente! A consagração de nossos ícones olímpicos será possivel com a conscientização da participação coletiva; e não há fórmula alternativa vencedora.

Não me refiro apenas aos cariocas. Vamos lá, Brasil!
Israel dos Santos
Enviado por Israel dos Santos em 15/01/2010
Alterado em 19/01/2010
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