Minha Ilha Paradisíaca

Página dedicada aos dos Santos, aos Matta, aos Machado e aos Alencar Aranha.

Textos

AS MANGAS-ROSA
Combalido de dor, o menino mal podia  caminhar.  Ainda  lhe  restavam muitos passos, até alcançar o lar,  quando,  afinal  e  definitivamente, daria  cabo  da  traiçoeira  fome.  Estampava  no  rosto  o   misto   de sofrimento e  prazer:  tecido  lesionado  e  resquícios  do  ato  recém-consumado sem traços de  arrependimento.  Pudera:  o  desfecho  era imprevisível, mas, como resistiria a tão forte  ímpeto?  Tocou  a sirene anunciando  o  término  das  aulas.  Mochila  ao  dorso,  o  menino  se adianta;  toma  o  destino  de  casa.  À  mente,  tinha  bem  claro:  o primeiro  dever  seria  por-se  à  mesa  e  quebrar  o  jejum  que  já  o torturava havia algumas  horas.  Não  resistiu:  à  beira  do  caminho,  repousa a mochila, traspassa  a  cerca  e  escala  uma  árvore.  Uma, duas  ...  eram  deliciosas!  Devorava   a   terceira   manga,   quando  percebeu  que  sua  intrusa  presença  havia  sido  descoberta   pelos proprietários  do   pomar.   Tratou   de   escapar.   Foi   então   que,  conspirando contra  si  a  aproximação  ameaçadora  dos  donos  das  terras e a viscosidade das  mãos  que  tiveram  as  frutas  com  tanta avidez, escorregou: o tombo foi feio! Caiu com o rosto no  chão.  Mais tarde, refeito o susto, chegaria em  casa,  com  hematomas  no  rosto tingido do objeto do desejo ... e o  paladar das saborosas e cobiçadas mangas rosa.
Israel dos Santos
Enviado por Israel dos Santos em 21/05/2009
Alterado em 05/02/2022


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